terça-feira, 25 de dezembro de 2007

A Sacralização dos Eventos Sociais e o Coração

Longe de mim estejam os referenciais da tentativa de Sacralização de Qualquer Evento Social... Natal, Ano novo, Formaturas, Ordenação de pastor, Casamento, Velório, Páscoa, Dia da Educação Teológica, Dia da Bíblia, Aniversários de Pessoas, Ministérios, Igrejas, Cidades, Corais ou Casamentos, Dia de Missões, Dia da Oração, Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Dia da Mulher, Bodas de Papel, Cristal, Diamante, Ouro, Prata ou Platina, Dia do Índio, Dia da República, Dia do Pastor etc. devem estar circunscritos, plena e essencialmente, na dimensão sempre discutível dos inter-relacionamentos sociais... Como é triste ter de constatar que Deus passa a ser invocado em Eventos que jamais poderiam ser dignos da invocação de tão Grandioso e Precioso Nome... É obvio que não estou me referindo ao Carnaval, Micareta, Mardi Gras, Festival à Rainha de Maio, Iemanjá, Maria mãe de deus, Queropita, senhora de Lourdes etc., porquanto todos esses eventos, de caráter social-místico-religioso, já se apresentam descaradamente adversos à Revelação. Refiro-me aos Eventos Sutis e Sub-reptícios que têm infestado o meio evangélico, os quais não precisam, em hipótese alguma, serem instituídos e aceitos em nome de uma práksis cristã como se eles tivessem indubitavelmente o aval de Deus. Podem me categorizar de fanático, radical, intolerante, impetulante, metido a dono da verdade, pedante, [in]significante ou qualquer outro adjetivo congênere devido a meu protesto, pois cansa-me ter de suportar o fardo do Senso Comum no domínio místico-religioso operando em nome de um processo de prioridades equivocadas. Só não me venham com aquele velho e previsível subterfúgio de que Deus está interessado, acima de tudo, nos corações humanos... Mas tudo bem se Deus é invocado também como Cardiologista para ter de aturar a Questionabilidade de nossas Convenções Sociais, eis aqui o meu coração, que já está a ponto de enfartar em função de tantos disparates cometidos em nome da Sacralização dos Eventos Sociais. Por que não posso suplicar a Deus para que Ele seja também meu Cardiologista ?

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Consideração sobre os Dois Objetos

Tentaremos agora, num contexto conturbado pela pressão do discurso assistencialista dos movimentos para inclusão dos marginalizados, contrastar dois objetos dignos de crédito para todos aqueles que estão interessados em diferenciar o essencial do acidental, o transitório do eterno, o lógico do trans-lógico. Tal contraste faz-se necessário, porquanto o universo em que estamos inseridos, ancorado no referencial quantitativo até o mais profundo de suas vértebras, não pondera razoavelmente o referencial essencial, de índole essencialmente qualitativa, que perpassa toda estrutura do Real, posto que os instrumentais de análise entre os humanos, também de índole quantitativa, favorecem uma abordagem que poderia ser considerada equivocada, a fim de que não se possa ser categorizada como pessimista, na melhor das hipóteses. Se estamos inseridos no Mundo, e a Bendita Palavra de HaShem nos diz que este Mundo jaz no maligno, nada seria mais razoável e lógico do que a nossa constatação de que todos os instrumentais teológicos, em termos de critérios, só possam colaborar para a certeza do enunciado do Nosso Senhor Jesus Cristo acerca de tal estatuto ontológico de nosso estranho Mundo. Assim sendo, desde já fazemos questão de frisar que o quantitativo predominante em nossas esferas existenciais há de sucumbir perante o qualitativo em nossa comparação, porquanto nossos dois objetos inevitavelmente situam-se no cenário que pressupõe o triunfo do Objeto Superior em detrimento do Objeto Inferior, em termos de Estatuto Onto-Teo-Lógico.
A Mídia, tanto a secular quanto a evangélica, situa-se e mobiliza-se em terreno movediço, o qual depende de uma determinada fermentação no plano da agonia, em seu sentido plenamente etimológico, haja vista que o elemento fundamental para despertar o interesse das massas é simbólico-funcional no plano das sublimações da morte, em seus mais diversos níveis. Trata-se daquele velho provérbio funcional, tão aclamado pelos idealizadores dos programas de entretenimento ou informação: quanto pior, mais fácil será a difusão e assimilação do conteúdo do programa. Uma espécie de nivelação por baixo, tendo em vista o triunfo do maligno, se adotarmos uma perspectiva genuinamente cristã. Nosso Objeto Superior, se pudermos assim dizer, opõe-se implacavelmente a esse triunfo cosmológico, uma vez que ele tem como garantia e penhor as palavras benditas dAquele que é o Príncipe da Paz e o Redentor do Mundo.
Confundir as Essências dos Objetos é inerente ao ser humano, ainda que a sua Finitude insista em lhe provar, muitas vezes, que se trata, em alguns casos, de entrar num Labirinto de Equívocos sem saída que tem totalmente fechada, depois de certo tempo, a porta de entrada...
O primeiro objeto, que podemos categorizar como Objeto Inferior encontra o seu fundamento na igreja instituição, evidentemente cheia de falhas e imperfeições, pois onde há seres humanos há certamente manifestações que consubstanciam as humanidades, o que tautologicamente confirma as falhas e imperfeições humanas inevitáveis, porquanto o pecado está enraizado em todas as esferas de atua[liza]ção humana. Tal Objeto Inferior, apesar de tudo, pode ser receptáculo do reflexo do Objeto Superior. Não nos esqueçamos de a igreja instituição de Corinto, conforme podemos constatar em 1 Co 5.1-5, mereceu uma severa exortação da parte do apóstolo Paulo devido ao grave pecado de incesto praticado por uma pessoa que era membro da igreja instituição, com certeza, mas que, a nosso ver, também pertencia genuinamente a Cristo, posto que a severa disciplina do Eterno fora solicitada pelo apóstolo Paulo, afim de que o espírito de tal pessoa fosse salvo no dia de HaShem. A questão é complexa.
O que nos parece razoável categorizar como Objeto Superior é a Igreja de Cristo, sendo e estando totalmente desvinculado das falhas e imperfeições humanas que se manifestam na igreja instituição. Por ser Objeto Superior, evidentemente alicerçado em Estatutos Onto-Teo-Lógicos para tal parecer doxológico, só pode ser digno de admiração, elogio e atua[liza]ção triunfal, ainda que o Objeto Inferior, a igreja instituição, apresente índices que cada vez mais desagradem e entristeçam o coração do Eterno. O mundo, ao criticar a igreja instituição, nem desconfia da existência da Igreja de Cristo, que não tem vínculo algum com qualquer instituição humana, incluindo as igrejas.
Em termos de advertência, a Palavra de HaShem é bem clara e específica sobre os problemas que poderiam estar presentes nas comunidades em que os cristãos se reunissem. Os falsos mestres, os falsos discípulos, os falsos ministérios, as heresias, as apostasias etc essencializam o universo onto-lógico do Joio entre os cristãos. O Trigo, símbolo do cristão genuíno, e o Joio, símbolo do pseudo-cristão, co-existem na igreja instituição. O cristão genuíno, pertencendo qualitativa e quantitativamente ao Objeto Superior, a Igreja de Cristo, está inserido na igreja instituição; o pseudo-cristão, pertencendo apenas qualitativa e quantitativamente ao Objeto Inferior, a igreja instituição. Segundo os desígnios do Eterno, ambos devem co-existir somente no domínio do Objeto Inferior, a igreja instituição. Uma vez que é somente HaShem quem sonda plenamente os corações, não existem padrões entre nós cristãos para saber[mos] quem é o Trigo e quem é o Joio. A co-existência do Trigo e do Joio na igreja instituição, o Objeto Inferior, pode nos parecer parodoxal, mas é necessária e nos serve de alerta para criticarmos, com amor e moderação, a igreja instituição, uma vez que nela também se encontra o Trigo, o índice simbólico de todo aquele genuíno discípulo do Senhor Jesus. Trata-se de dois reinos, distintos plena e essencialmente apenas por HaShem. Segundo Jesus Cristo, é inevitável a ocorrência de escândalos, inclusive na igreja instituição, o Objeto Inferior. O Juízo Divino sobre tais escândalos, em equivalência plena, também é inevitável. A Igreja de Cristo, o Objeto Superior, porém, é Inabalável, Gloriosa, Vencedora, Pacífica, Bondosa, Divina, Longânima e qualquer outro adjetivo portador de atributos apreciados por HaShem. Para cada adjetivo depreciativo para denegrir e condenar a igreja instituição, proveniente do mundo, imaginemos o seu antônimo para apreciar a Igreja de Cristo, o Objeto Superior, haja vista que não confundimos o Objeto Inferior com o Objeto Superior.
Cremos que não seja inadequado ou impróprio nos valer da categoria Objeto Inferior para nos referir à igreja instituição, porquanto o contraste com a Igreja de Cristo, definida teo-logicamente como a Igreja Universal e Invisível que triunfa neste contraditório Mundo, basta-nos para categorizá-la como Objeto Superior. Se não há problema algum em aceitarmos a superioridade da Igreja de Cristo, por que então relutarmos em aceitar a inferioridade da igreja instituição? Cremos ser desnecessário recorrermos à Lógica para provar a consistência de tal categorização. O que nos parece um contra-senso é defendermos a igreja instituição, o Objeto Inferior, como se ela fosse a Igreja de Cristo, o Objeto Superior. Cada um desses dois Objetos deve estar circunscrito à sua Definição ou Conceito Onto-Lógico. Não nos parece razoável a confusão, em termos epistemológicos, no processo da apreciação de Objetos tão distintos.
Eis que subitamente vêm ao nosso encontro aquelas intrigantes questões que nos perturbam a alma, cujos fundamentos consistem em tentar conciliar os termos irreconciliáveis ou antagônicos. Tais questões têm a ver com o desprazer em relação à igreja instituição, percepcionada e vivenciada por muitas pessoas em nosso meio evangélico e seriamente criticada pelo Mundo cruel e contraditório. Eis algumas dessas questões, tão simples e tão complexas, ao mesmo tempo: É possível ser um cristão genuíno sem estar inserido em uma igreja instituição, posto que cada vez mais os escândalos se manifestam? Por que me envolver em atividades na igreja instituição, se cada vez mais a apostasia está presente nela? Se a igreja instituição propaga a Mensagem do Evangelho, por que cada vez mais ela parece estar tão distante da práksis genuína do Evangelho? Etc. A nossa resposta, cremos que também tão simples e tão complexa, só pode ser esta: Por amor à Igreja de Cristo, o Objeto Superior, devemos estar inseridos e comprometidos com a igreja instituição, o Objeto Inferior. O anti-exemplo de Judas Iscariótes, sendo Joio entre os apóstolos de Jesus Cristo, nos serve de exemplo para não condenar ou denegrir a igreja instituição, que tem em seu rol de membros o Trigo e o Joio. Assim como seria insensato condenarmos a noção de Apostolado ou Corpo Apostólico devido ao anti-exemplo de Judas Iscariótes, do mesmo modo seria insensato condenarmos a igreja instituição devido aos seus anti-exemplos que podemos constatar imparcialmente. A “fidelidade” dos onze apóstolos de Jesus Cristo, em termos paradoxais para o nosso entendimento, justifica e autoriza a essência do Apostolado ou Corpo Apostólico criado por Jesus Cristo, sem tentarmos justificar – evidentemente – a atual profusão dos apóstolos contemporâneos. Por Analogia mais que Necessária, a “fidelidade” do Trigo, que está inserida na igreja instituição, desempenha o seu papel de Refletor da Igreja de Cristo, o Objeto Superior. Os anti-exemplos da igreja instituição, o Objeto Inferior, em hipótese alguma, afetam ou denigrem a essência da Igreja de Cristo, o Objeto Superior. Os anti-exemplos da igreja instituição co-existem com os exemplos de Conversão, Perdão, Regeneração, todos misericordiosamente propiciados por Aquele que converte, perdoa e regenera no campo de atuação onde estão inseridos, conjuntamente, o Trigo e o Joio, que é a mesma igreja instituição, para que a Igreja de Cristo prossiga rumo ao seu alvo: a Salvação de Almas e a Glorificação do Precioso Nome: Jesus Cristo. As noções de Trigo e de Joio nos anima e nos incita a considerarmos a igreja instituição de um modo mais brando e razoável justamente porque é somente HaShem quem sabe verdadeiramente diferenciar essas duas essências, que apenas em aparências são tão iguais. E como somos propensos a valorizar inadequadamente as aparências, em nossa apreciação cometemos o equívoco de condenar e/ou denegrir, ao invés de ponderar com amor, os anti-exemplos da igreja instituição, o Objeto Inferior.
Apesar de todo esforço midiático para denegrir e condenar a igreja instituição, o Objeto Inferior, como se ela devesse corresponder plenamente à Igreja de Cristo, o Objeto Superior, julgamos que ela seja a melhor instituição – além da família, célula mater da sociedade – para estabelecermos vínculos genuinamente cristãos, porquanto nela a Palavra de HaShem é valorizada e reverenciada, apesar da constatação de muitos anti-exemplos contidos nela.

Ignora o Mundo que o Reflexo não implica necessariamente a Correspondência Plena, nem tão pouco a Igualdade Plena. Seria Insensatez [Plena] julgar que o Objeto Superior corresponda ou equivalha plenamente ao Objeto Inferior, justamente porque o Estatuto Onto-Lógico deste é essencialmente Inferior ao Estatuto Onto-Teo-Lógico daquele.
Bendito seja HaShem, que por sua Misericórdia, Amor e Graça atuou, atua e sempre há de atuar, enquanto durar este Mundo, através [também] da igreja instituição, o Objeto Inferior. O Reflexo da Igreja de Cristo, o Objeto Superior, na igreja instituição, o Objeto Inferior, ainda que possa ser considerado extremamente mínimo, é tudo o que basta para o Trigo comprometido e inserido na igreja instituição, o qual jamais se abala, porquanto a Certeza do Triunfo de Jesus Cristo, o Cabeça e Fundamento de tão Fenomenal Objeto Superior, é-lhe mais que uma Realidade, é um Motivo de Existência...

sábado, 1 de setembro de 2007

Reta Hermética

Estamos situados em uma reta hermética. À nossa esquerda, os interditos [est]éticos das simbologias arcaicas; à nossa direita, as aporias existenciais do Zeitgeist do de-vir. Nossa estrutura onto-lógica, movendo-se para a esquerda, presume-se imponente para questionar de modo imparcial as inadequações arqueológicas do Zeitgeist de outros tempos. Entretanto, constatamos uma espécie de náusea instaurada na consciência hodierna, que no plano implacável das conseqüências sociais corresponde ao des-crédito de tudo aquilo que possa parecer um projeto alicerçado em significações de ordem meta-física. Devido à nossa condição de insatisfeitos, passamos a mover a nossa estrutura ontológica para a direita, acreditando somente na evidência dos valores de ordem física. Agindo assim, intensificamos ainda mais o mal-estar característico das incoerências de um sistema alienante difundido pela sociedade de consumo, o qual depende da crença ingênua no mundo globalizado. Sob um determinado aspecto, nossa condição humana representa justamente a nossa incapacidade de analisar especularmente todas as variáveis instauradas no arcaico, no presente e no de-vir. Somos, vivemos e representamos a crise de um ponto inserido nessa reta. Somos indelevelmente o intervalo da incerteza... Somos as con[tra]dições da Contemporaneidade...

O Fundamento do Juízo Divino

Partindo do dado inquestionável de que julgamos injustamente as pessoas e somos julgados [também injustamente] por elas, tentemos imaginar como será fenomenal e extraordinário o impressionante Julgamento de D-us no preci[o]so contexto te[le]ológico. D-us, justamente por ser D-us, não se vale dos nossos critérios equivocados e impiedosos com roupagem de práksis cristã. Somente D-us é justo, imparcial, misericordioso, gracioso, fiel, amoroso e longânimo. Nós, seres humanos, devido aos retalhos do pecado, somos in-justos, parciais, implacáveis, in-fiéis, rancorosos e impacientes. Quem dentre nós ousaria não anelar comparecer perante o Tribunal de Cristo, haja vista que constatamos uma série de disparates entre nós, partindo de uma pretensa análise imparcial dos históricos existenciais que se apresentam ante os nossos olhos cansados e fadados à miopia, hipermetropia ou suas complexas variantes?
O Tribunal de Cristo – para os cristãos – e o Juízo do Trono Branco – para os não-cristãos – consubstanciam o grau máximo da Justiça operando segundo os ritmos da pulsação do coração de D-us. Um coração ancorado no Amor in-Condicional que contraria todos os princípios de uma agenda orgânico-funcional difundida, também e infelizmente, entre nós cristãos. Amor in-Condicional que, em hipótese alguma, pode se adequar ao estereótipo esforço-recompensa do santuário da Sociedade de Consumo… Por que somos propensos, em diversos contextos, a desconsiderar a possibilidade de tal Juízo Divino estar alicerçado no Amor in-Condicional ? Talvez não seja porque nós só conhecemos e praticamos o nosso amor condicional, crendo – inútil e tolamente – que a criatura serve de modelo para o Criador?…

O Propósito da Bi-Polaridade ou a Bi-Polaridade do Propósito?

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Enquanto isso, na sala de aula do curso de Propositologia para crianças de uma renomada igreja da classe média alta, um garotinho esperto chamado Gabriel propôs ao mestre Proposo o seguinte enigma:
Propositor, o que é, o que é? Se por para bater no liquidificador o propósito com a propo$ta, o que é que vamos ter?
Essa eu fico a lhe dever, Gabrielzinho, Respondeu o mestre.
Não acredito, propositor !!! O resultado dessa mistura só poderá ser a propó$ita, porque a letra I e o contraste entre o O e o A – com a predominância do A porque ele vem antes do O – fazem toda a diferença… Não é, propositor? Essa foi a extraordinária resposta do aprendiz de propositor.
Excelente, Gabrielzinho!!! Seu senso de combinação aleatória foi perfeito. Continue sempre assim. O mais importante mesmo, acima de tudo, é saber que Deus tem um propósito em todas as coisas… E assim, se não tivermos um propósito bem definido em nossas vidas, nós estamos pecando, de propósito… Certo, classe ?
Certo, mestre Proposo…

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Pois bem, meu prezado leitor… Por que esse desdém inveterado lhe invade a alma? Palavras difíceis e exemplos provenientes da mais pura abstração não aliviam a dor dos entes inseridos no universo pragmático… Alguém já lhe socorreu materialmente, tendo como inspiração algum princípio filantrópico proveniente do Teorema de Pitágoras ou do Conto Metamorfose de Kafka? Por que será que a sua resposta é NÃO? Mas é óbvio que eu lhe fiz esta pergunta de propósito… Tome cuidado… Você pode estar menosprezando um aspecto extremamente essencial no processo pedagógico entre o mestre Proposo e o seu pupilo, o pequeno Gabriel: às vezes, é necessário o mestre se fingir de tolo ou raso, tendo em vista tão somente o progresso de seu discípulo, pois todo mestre anela que seu discípulo prossiga rumo à excelência do saber e da virtude.
A Propositologia sempre reconhecerá os méritos do estimado mestre Proposo que, além de ser um expert em Propositologia, deixou registrado na historia dos eventos singulares uma lição de abdicação, tendo como alvo a intersecção entre a propo$ta e o propósito… O pequeno Gabriel, graças ao incentivo do mestre Proposo, certamente será um autêntico discípulo desta nobre Ciência que hoje em dia se apresenta para alavancar os ânimos abatidos daqueles que procuram agregar valor aos empreendimentos eclesiásticos. Logo, logo o pequeno Gabriel será também o propositor Gabriel… No mundo e nas igrejas ele será reconhecido como um homem de garra, empreendedor, batalhador… Talvez até quem saiba uma versão cristianizada do Bill Gates… Por que não? Tudo tem um propósito para aquele que crer assim… O propositor Gabriel poderá transitar como um batráquio, de propósito, tanto no mundo dos Negócios como no mundo das igrejas [este i minúsculo de “igrejas” é de propósito]… A Bi-Polaridade operando a serviço do Reino… Ele terá sempre a seu favor a cartilha dos números e a precisão inabalável dos índices estatísticos, pois no mundo dos Negócios, assim como também no mundo das igrejas, eles implicam autoridade inquestionável… Não nos esqueçamos de que para Taylor e para Ford as desculpas não geravam resultados satisfatórios… O Propósito, meus nobres operários, deve ser a Produção Eficiente, assim eles diziam… E esse dogma era provado e reverenciado infalivelmente através de números e estatísticas… Sem números e estatísticas, nada feito… Ford e Taylor: os arautos da simbiose essencial entre o número e a estatística… Mas voltando ao Gabrielzinho, que será o Gabriel… Há um outro detalhe que devemos ressaltar: como o pequeno Gabriel será incentivado a desenvolver uma índole de batráquio, certamente após tornar-se o propositor Gabriel, ele será apto para impressionar os dois mundos. Em um, a regra predominante, em tese, é ser cristão, transparente e competente; no outro, é ser raposão, dissimulador e competente… A competência do propositor Gabriel propiciar-lhe-á então o passaporte para, em diversas partes do mundo dos dois mundos, disseminar a Propositologia como sendo uma Ciência bi-lateral e amplamente funcional…
Como já dizia Gustavo Corção, o meu saudoso amigo: o fazer e o agir atualmente estão colocados no mesmo estanque semântico, consubstanciando assim alguns disparates sociais…
Eu sei que nada sou, mas mesmo assim ainda ouso fazer este acréscimo:….consubstanciando assim alguns disparates sociais, tanto no mundo dos Negócios como no mundo das igrejas…

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Exegese dos Ícones

A Exegese dos ícones associados a Jesus Cristo nos fazem crer que há uma estratégia midiático-viral encarregada de atualizar um modus operandi alicerçado na in-distinção entre a imagem do objeto e o objeto-em-si. Tal in-distinção evidentemente favorece a des-integração dos conceitos que estabeleciam os critérios do assombro ou perplexidade ante os inteligíveis divinos. Critérios inadmissíveis atualmente, mas que operavam de maneira estável nas estruturas sociais tidas como arcaicas. A contemporaneidade não estaria sendo uma vítima funcional da overdose iconográfica também no plano das performances e considerações místicas e/ou espirituais ao aceitar a iconização de Cristo como uma estratégia para se fazer mais bem compreendida quando anuncia ou aprecia o Evangelho? Se a Revelação nos apresenta Jesus Cristo como a Imagem do Deus Invisível (Cl. 1.15), não seria razoável abrir espaço para um questionamento de toda estratégia extra-Revelação que tenta iconizar Jesus Cristo? O Próprio Jesus Cristo, a Imagem do Deus Invisível, caracterizando um paradoxo para nossa apreciação estética, seria o paradigma para não aceitarmos a proposta de difusão de sua iconização justamente porque Ele mesmo – não a sua iconização – é a Imagem [Visível] do Deus Invisível. A sociedade contemporânea, porém, inocentando a proliferação icônica em todos os níveis de atua[liza]ção, prefere aceitar a ilusão de correspondência entre a iconização de Cristo e Cristo a aceitar a correspondência no plano da recepção fenomênica, se assim pudermos dizer, entre Cristo e o Deus Invisível. Jesus Cristo, com total propriedade, é o Ícone do Deus Invisível. Todo ícone de Jesus Cristo, contrariando o funcionalismo inconseqüente das superficialidades instrumentais, por mais adequado que esteja aos padrões [est]éticos dos humanos, e por melhor que sejam as suas intenções, não passa de um ídolo ou o ícone de um ídolo...

Era Paulo influenciado pelo Gnosticismo?

Acreditar que o apóstolo Paulo seja influenciado pelo pensamento helênico, do ponto de vista ideológico, e pelo pensamento judaico-farisaico, do ponto de vista religioso, parece-me estar alicerçado numa pré-Concepção de índole liberal que privilegia – sob um determinado aspecto – o determinismo naturalista. Ou seja, Paulo não poderia deixar de ser influenciado pelo Zeitgeist em que estava inserido.
O credo liberal prossegue: na medida em que todos os setores da existência humana trazem como um traço distintivo as influências determinantes do contexto social, conscientes ou inconscientes, sobre a singularidade existencial de um indivíduo, por que não aceitarmos como sendo razoável a opinião de que Paulo apresente em seus ensinamentos algo no âmbito gnosio-lógico que seja o resíduo do gnosticismo grego? Se acreditarmos que os dados do Sitz im Leben – fornecidos pela Historiografia – em que Paulo produziu seus ensinamentos correspondem à Realidade, a resposta parece simples. Se, porém, questionarmos os critérios adotados pela Metodologia Crítico-Historiográfica, a resposta merece, no mínimo, uma suspensão céptica, porquanto é extremamente questionável a suposta neutralidade da objetividade científica em qualquer domínio do saber.
Parece-me ser mais razoável reconhecer que a gnosis grega, através de suas duas vertentes: a mística e a racional, não encontra em Paulo um espaço de atuação, porquanto está associada a uma concepção de que a soteria depende da gnosis do mundo divino, que só poderia ser propiciada através da iniciação. Na doutrina de Paulo, Cristo é a gnosis tou Theou dissociada da gnosis tou kósmou. Dissociação esta que, opondo-se à crença de que a iniciação aos mistérios gnósticos seja um meio de salvação, atribui a Cristo – não à gnosis – o poder soteriológico. A soteria a que Paulo se refere encontra somente em Cristo sua razão de Ser. A gnosis dos gnósticos não pode conferir, segundo Paulo, a graça redentora, pois pressupõe a necessidade de ritos de penitencia como instrumento de disciplina do espírito, ancorando-se fragilmente em uma pistis estranha à pistis tõ Khristõ...
Acreditar que Paulo seja influenciado pelo gnosticismo grego parece ser a conseqüência lógica da crença liberal, que atribui, de certo modo, à Metodologia Crítico-Historiográfica um estatuto de validade inquestionável, o qual propicia, segundo as inclinações idiossincrásicas do sujeito cognoscente, conclusões, crenças, teses, hipóteses ou opiniões que, na melhor das hipóteses, talvez se aproximem da Realidade. Conclusões, crenças, teses, hipóteses ou opiniões devem – historiográfica e criticamente também – corresponder às suas próprias definições. Caso contrário, corre[re]mos o risco de ter a Metodologia Crítico-Historiográfica como um objeto de fé. Nesse sentido, seu cânone de instrumento dogmático para tentativa de controle das Sagradas Escrituras será pelo menos indiferente, para não dizer adverso, à idéia de que Paulo rejeita a doutrina gnosticista.

Sobre a Intenção do Interpretante

Nossa pre-tensão diz que temos o domínio do Sitz im Leben associado a determinado corpvs textual. Uma vez admitida tal pré-Tensão, resta-nos assegurar quais são os critérios mínimos necessários para afirmar[mos] algo acerca do Texto ou do[s] objetivo[s] do autor quanto ao[s] seu[s] conteúdo[s]. Uma vez que não temos o autor diretamente à nossa disposição, a única alternativa que nos resta é a Probabilidade, haja vista que somos propensos ao Equívoco em nome de uma Pretensa Neutralidade. A compreensão do[s] inter-relacionamento[s] de todos os fluxos que consubstanciam a Realidade jamais estará ao nosso alcance. A indubitabilidade da intenção do autor, tendo suas implicações no domínio supra-contextual, posto que é Revelação, requer a nossa humildade no domínio do Texto, com-Texto, pré-Texto e inter-Texto. Caso contrário, nossa subjetividade – em nome de um legítimo processo exegético-hermenêutico pretensamente objetivo – passará a operar apenas como um princípio interpretante que traz em si os fundamentos da traição, porquanto a constatação de não termos diretamente a presença do autor à nossa disposição passa a ser descartada plena e essencialmente no processo de Investigação Textual. Nesse sentido, inevitavelmente, o Texto passa a ser aquilo que queiramos que ele seja. Somos a bússola de sua atualização. Somos traidores disfarçados de hermeneutas, em nome da Legítima Interpretação...

Sobre o Louvor e Adoração

Louvor e adoração agora parecem caracterizar o centro nevrálgico da liturgia evangélica contemporânea. Não se trata, na esfera místico-religiosa, da transposição do clamor da turba implicado no adágio panes et circenses? Se o Senso Comum solicita louvor e adoração, por que seria sensato contradizer-lhe? Segundo a opinião do povo, o pão e o circo representavam a generosidade do império romano. Do mesmo modo, parece ser generoso acreditar que tal modus operandi de louvor e adoração essencialize o processo litúrgico contemporâneo. Há, porém, um dado fundamental a ser questionado: por que o louvor e a adoração precisam ser considerados urgentemente objetos específicos de determinados ministérios? Por que não considerar a participação de todos no culto como sendo um fenômeno de louvor e adoração? Por que somente a música e canto outorgam para si o estatuto de louvor e adoração ? Não seria mais sensato admitir que a música e canto tenham o seu momento no processo litúrgico-cultual? Ou melhor dizendo: também os músicos e os cantores têm a sua participação no processo litúrgico-cultual. Todos os cristãos são adoradores de Deus, mas nem todos os cristãos são cantores ou músicos, isto é, nem todos estão envolvidos com a música e/ou canto no processo litúrgico-cultual ou ministerial. Há, na verdade, um exclusivismo dos músicos e cantores evangélicos, os quais discretamente reivindicam para si o atributo de adoradores, ignorando uma realidade meta-física essencial: todos aqueles que crêem verdadeiramente em Cristo são adoradores de Deus, quer sejam músicos, cantores, não-músicos ou não-cantores.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Súplica aos Sistemas Antagônicos.

Calvinistas e arminianos, ignorai as vossas diferenças e uni-vos em torno de um outro objeto controverso e procurai ardentemente solucionar esta questão que atribula a minha alma: eu entrei no labirinto de muros por minha livre e espontânea vontade ou fui predestinado a entrar nele? Se entrei nele por minha livre e espontânea vontade, de fato sou totalmente culpado de encontrar-me na dimensão onde reina o impasse e a dúvida e ser uma fonte de escândalo para muitas pessoas. Se, porém, fui predestinado a entrar nele, estaria eu certo se me arriscasse a dizer que o impasse e a dúvida são inevitavelmente necessários, ainda que alguém os considere males [des]necessários? Sendo mais ousado ainda: se fui então predestinado a entrar nele, e se ele é inevitavelmente necessário, como posso ser considerado neste enredo determinista?...
Tenho, com efeito, minhas críticas ao estudo enclausurado dos reflexos dos espelhos, mas sendo o Cavaleiro da Subjetividade II, não posso deixar de admitir que esta questão talvez possa ser o índice de certo senso de impotência que às vezes invade o meu ser, insinuando que a batalha está perdida... Revigoro-me, como se estivesse ressurgindo dos escombros provenientes dos ataques terminais do atual pragmatismo idolatrado, ao tentar disseminar em todos os cantos da Terra que só tenho certeza de uma coisa: a incerteza é a certeza de que nossa finitude depende do vício inveterado de insistirmos na possibilidade de contemplar a complexidade dos objetos somente através de uma lente sombria e embaçada... Uma espécie de obsessão macabra sedimentada na prepotência [in]digna dos caolhos que tentam a todo custo demonstrar a possibilidade da existência de um sistema capaz de eliminar todas as contradições de um outro sistema que se lhe oponha, amando ignorar as contradições do seu próprio sistema, em nome de uma fidelidade absoluta aos pressupostos de uma doxologia equivocada...