terça-feira, 20 de novembro de 2007

Consideração sobre os Dois Objetos

Tentaremos agora, num contexto conturbado pela pressão do discurso assistencialista dos movimentos para inclusão dos marginalizados, contrastar dois objetos dignos de crédito para todos aqueles que estão interessados em diferenciar o essencial do acidental, o transitório do eterno, o lógico do trans-lógico. Tal contraste faz-se necessário, porquanto o universo em que estamos inseridos, ancorado no referencial quantitativo até o mais profundo de suas vértebras, não pondera razoavelmente o referencial essencial, de índole essencialmente qualitativa, que perpassa toda estrutura do Real, posto que os instrumentais de análise entre os humanos, também de índole quantitativa, favorecem uma abordagem que poderia ser considerada equivocada, a fim de que não se possa ser categorizada como pessimista, na melhor das hipóteses. Se estamos inseridos no Mundo, e a Bendita Palavra de HaShem nos diz que este Mundo jaz no maligno, nada seria mais razoável e lógico do que a nossa constatação de que todos os instrumentais teológicos, em termos de critérios, só possam colaborar para a certeza do enunciado do Nosso Senhor Jesus Cristo acerca de tal estatuto ontológico de nosso estranho Mundo. Assim sendo, desde já fazemos questão de frisar que o quantitativo predominante em nossas esferas existenciais há de sucumbir perante o qualitativo em nossa comparação, porquanto nossos dois objetos inevitavelmente situam-se no cenário que pressupõe o triunfo do Objeto Superior em detrimento do Objeto Inferior, em termos de Estatuto Onto-Teo-Lógico.
A Mídia, tanto a secular quanto a evangélica, situa-se e mobiliza-se em terreno movediço, o qual depende de uma determinada fermentação no plano da agonia, em seu sentido plenamente etimológico, haja vista que o elemento fundamental para despertar o interesse das massas é simbólico-funcional no plano das sublimações da morte, em seus mais diversos níveis. Trata-se daquele velho provérbio funcional, tão aclamado pelos idealizadores dos programas de entretenimento ou informação: quanto pior, mais fácil será a difusão e assimilação do conteúdo do programa. Uma espécie de nivelação por baixo, tendo em vista o triunfo do maligno, se adotarmos uma perspectiva genuinamente cristã. Nosso Objeto Superior, se pudermos assim dizer, opõe-se implacavelmente a esse triunfo cosmológico, uma vez que ele tem como garantia e penhor as palavras benditas dAquele que é o Príncipe da Paz e o Redentor do Mundo.
Confundir as Essências dos Objetos é inerente ao ser humano, ainda que a sua Finitude insista em lhe provar, muitas vezes, que se trata, em alguns casos, de entrar num Labirinto de Equívocos sem saída que tem totalmente fechada, depois de certo tempo, a porta de entrada...
O primeiro objeto, que podemos categorizar como Objeto Inferior encontra o seu fundamento na igreja instituição, evidentemente cheia de falhas e imperfeições, pois onde há seres humanos há certamente manifestações que consubstanciam as humanidades, o que tautologicamente confirma as falhas e imperfeições humanas inevitáveis, porquanto o pecado está enraizado em todas as esferas de atua[liza]ção humana. Tal Objeto Inferior, apesar de tudo, pode ser receptáculo do reflexo do Objeto Superior. Não nos esqueçamos de a igreja instituição de Corinto, conforme podemos constatar em 1 Co 5.1-5, mereceu uma severa exortação da parte do apóstolo Paulo devido ao grave pecado de incesto praticado por uma pessoa que era membro da igreja instituição, com certeza, mas que, a nosso ver, também pertencia genuinamente a Cristo, posto que a severa disciplina do Eterno fora solicitada pelo apóstolo Paulo, afim de que o espírito de tal pessoa fosse salvo no dia de HaShem. A questão é complexa.
O que nos parece razoável categorizar como Objeto Superior é a Igreja de Cristo, sendo e estando totalmente desvinculado das falhas e imperfeições humanas que se manifestam na igreja instituição. Por ser Objeto Superior, evidentemente alicerçado em Estatutos Onto-Teo-Lógicos para tal parecer doxológico, só pode ser digno de admiração, elogio e atua[liza]ção triunfal, ainda que o Objeto Inferior, a igreja instituição, apresente índices que cada vez mais desagradem e entristeçam o coração do Eterno. O mundo, ao criticar a igreja instituição, nem desconfia da existência da Igreja de Cristo, que não tem vínculo algum com qualquer instituição humana, incluindo as igrejas.
Em termos de advertência, a Palavra de HaShem é bem clara e específica sobre os problemas que poderiam estar presentes nas comunidades em que os cristãos se reunissem. Os falsos mestres, os falsos discípulos, os falsos ministérios, as heresias, as apostasias etc essencializam o universo onto-lógico do Joio entre os cristãos. O Trigo, símbolo do cristão genuíno, e o Joio, símbolo do pseudo-cristão, co-existem na igreja instituição. O cristão genuíno, pertencendo qualitativa e quantitativamente ao Objeto Superior, a Igreja de Cristo, está inserido na igreja instituição; o pseudo-cristão, pertencendo apenas qualitativa e quantitativamente ao Objeto Inferior, a igreja instituição. Segundo os desígnios do Eterno, ambos devem co-existir somente no domínio do Objeto Inferior, a igreja instituição. Uma vez que é somente HaShem quem sonda plenamente os corações, não existem padrões entre nós cristãos para saber[mos] quem é o Trigo e quem é o Joio. A co-existência do Trigo e do Joio na igreja instituição, o Objeto Inferior, pode nos parecer parodoxal, mas é necessária e nos serve de alerta para criticarmos, com amor e moderação, a igreja instituição, uma vez que nela também se encontra o Trigo, o índice simbólico de todo aquele genuíno discípulo do Senhor Jesus. Trata-se de dois reinos, distintos plena e essencialmente apenas por HaShem. Segundo Jesus Cristo, é inevitável a ocorrência de escândalos, inclusive na igreja instituição, o Objeto Inferior. O Juízo Divino sobre tais escândalos, em equivalência plena, também é inevitável. A Igreja de Cristo, o Objeto Superior, porém, é Inabalável, Gloriosa, Vencedora, Pacífica, Bondosa, Divina, Longânima e qualquer outro adjetivo portador de atributos apreciados por HaShem. Para cada adjetivo depreciativo para denegrir e condenar a igreja instituição, proveniente do mundo, imaginemos o seu antônimo para apreciar a Igreja de Cristo, o Objeto Superior, haja vista que não confundimos o Objeto Inferior com o Objeto Superior.
Cremos que não seja inadequado ou impróprio nos valer da categoria Objeto Inferior para nos referir à igreja instituição, porquanto o contraste com a Igreja de Cristo, definida teo-logicamente como a Igreja Universal e Invisível que triunfa neste contraditório Mundo, basta-nos para categorizá-la como Objeto Superior. Se não há problema algum em aceitarmos a superioridade da Igreja de Cristo, por que então relutarmos em aceitar a inferioridade da igreja instituição? Cremos ser desnecessário recorrermos à Lógica para provar a consistência de tal categorização. O que nos parece um contra-senso é defendermos a igreja instituição, o Objeto Inferior, como se ela fosse a Igreja de Cristo, o Objeto Superior. Cada um desses dois Objetos deve estar circunscrito à sua Definição ou Conceito Onto-Lógico. Não nos parece razoável a confusão, em termos epistemológicos, no processo da apreciação de Objetos tão distintos.
Eis que subitamente vêm ao nosso encontro aquelas intrigantes questões que nos perturbam a alma, cujos fundamentos consistem em tentar conciliar os termos irreconciliáveis ou antagônicos. Tais questões têm a ver com o desprazer em relação à igreja instituição, percepcionada e vivenciada por muitas pessoas em nosso meio evangélico e seriamente criticada pelo Mundo cruel e contraditório. Eis algumas dessas questões, tão simples e tão complexas, ao mesmo tempo: É possível ser um cristão genuíno sem estar inserido em uma igreja instituição, posto que cada vez mais os escândalos se manifestam? Por que me envolver em atividades na igreja instituição, se cada vez mais a apostasia está presente nela? Se a igreja instituição propaga a Mensagem do Evangelho, por que cada vez mais ela parece estar tão distante da práksis genuína do Evangelho? Etc. A nossa resposta, cremos que também tão simples e tão complexa, só pode ser esta: Por amor à Igreja de Cristo, o Objeto Superior, devemos estar inseridos e comprometidos com a igreja instituição, o Objeto Inferior. O anti-exemplo de Judas Iscariótes, sendo Joio entre os apóstolos de Jesus Cristo, nos serve de exemplo para não condenar ou denegrir a igreja instituição, que tem em seu rol de membros o Trigo e o Joio. Assim como seria insensato condenarmos a noção de Apostolado ou Corpo Apostólico devido ao anti-exemplo de Judas Iscariótes, do mesmo modo seria insensato condenarmos a igreja instituição devido aos seus anti-exemplos que podemos constatar imparcialmente. A “fidelidade” dos onze apóstolos de Jesus Cristo, em termos paradoxais para o nosso entendimento, justifica e autoriza a essência do Apostolado ou Corpo Apostólico criado por Jesus Cristo, sem tentarmos justificar – evidentemente – a atual profusão dos apóstolos contemporâneos. Por Analogia mais que Necessária, a “fidelidade” do Trigo, que está inserida na igreja instituição, desempenha o seu papel de Refletor da Igreja de Cristo, o Objeto Superior. Os anti-exemplos da igreja instituição, o Objeto Inferior, em hipótese alguma, afetam ou denigrem a essência da Igreja de Cristo, o Objeto Superior. Os anti-exemplos da igreja instituição co-existem com os exemplos de Conversão, Perdão, Regeneração, todos misericordiosamente propiciados por Aquele que converte, perdoa e regenera no campo de atuação onde estão inseridos, conjuntamente, o Trigo e o Joio, que é a mesma igreja instituição, para que a Igreja de Cristo prossiga rumo ao seu alvo: a Salvação de Almas e a Glorificação do Precioso Nome: Jesus Cristo. As noções de Trigo e de Joio nos anima e nos incita a considerarmos a igreja instituição de um modo mais brando e razoável justamente porque é somente HaShem quem sabe verdadeiramente diferenciar essas duas essências, que apenas em aparências são tão iguais. E como somos propensos a valorizar inadequadamente as aparências, em nossa apreciação cometemos o equívoco de condenar e/ou denegrir, ao invés de ponderar com amor, os anti-exemplos da igreja instituição, o Objeto Inferior.
Apesar de todo esforço midiático para denegrir e condenar a igreja instituição, o Objeto Inferior, como se ela devesse corresponder plenamente à Igreja de Cristo, o Objeto Superior, julgamos que ela seja a melhor instituição – além da família, célula mater da sociedade – para estabelecermos vínculos genuinamente cristãos, porquanto nela a Palavra de HaShem é valorizada e reverenciada, apesar da constatação de muitos anti-exemplos contidos nela.

Ignora o Mundo que o Reflexo não implica necessariamente a Correspondência Plena, nem tão pouco a Igualdade Plena. Seria Insensatez [Plena] julgar que o Objeto Superior corresponda ou equivalha plenamente ao Objeto Inferior, justamente porque o Estatuto Onto-Lógico deste é essencialmente Inferior ao Estatuto Onto-Teo-Lógico daquele.
Bendito seja HaShem, que por sua Misericórdia, Amor e Graça atuou, atua e sempre há de atuar, enquanto durar este Mundo, através [também] da igreja instituição, o Objeto Inferior. O Reflexo da Igreja de Cristo, o Objeto Superior, na igreja instituição, o Objeto Inferior, ainda que possa ser considerado extremamente mínimo, é tudo o que basta para o Trigo comprometido e inserido na igreja instituição, o qual jamais se abala, porquanto a Certeza do Triunfo de Jesus Cristo, o Cabeça e Fundamento de tão Fenomenal Objeto Superior, é-lhe mais que uma Realidade, é um Motivo de Existência...